MPSP solicita prisão preventiva de Lucas Bove por violência contra Cíntia Chagas

O Ministério Público pediu a prisão preventiva de Lucas Diez Bove (PL) nesta quinta-feira (23/10), aproximadamente um ano após o denunciado ter agredido sua ex-esposa, a influenciadora Cintia Chagas, que havia solicitado medida protetiva, mas que não foi acatada pelo deputado. O documento com a denúncia aponta que, durante o relacionamento, o politico praticou agressões físicas e psicológicas contra a vítima, motivado por ciúmes e sentimento de posse.

“Em razão dos reiterados descumprimentos de medidas protetivas, cometidos cada vez de forma mais ostensiva, demonstrando claro desprezo às restrições judiciais impostas por Vossa Excelência, […] o denunciado vem ignorando as determinações do Sistema de Justiça (que já o intimou e advertiu, pessoalmente e por meio de seus advogados constituídos), de modo que o autor possui plena ciência da necessidade de respeitar as medidas protetivas […]”, alega a promotora Fernanda Raspantini Pellegrino.

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MPSP requer prisão preventiva de Lucas Bove por violência física e psicológica contra Cíntia ChagasFoto: Bruna Sampaio / Reprodução: Instagram
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Cíntia Chagas comemora indiciamento de BoveReprodução: Instagram
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Cíntia Chagas e Lucas BoveReprodução: Instagram
Chocante! Veja as ameaças em contrato impostas pelo ex de Cíntia Chagas
Chocante! Veja as ameaças em contrato impostas pelo ex de Cíntia Chagas
Cíntia Chagas e Lucas Bove (Foto: Reprodução/Internet)
Cíntia Chagas e Lucas Bove (Foto: Reprodução/Internet)

O documento solicita o encaminhamento do prontuário médico e das radiografias ao IML para exame de corpo de delito indireto, destacando que se trata de “vítima protegida”, conforme o Provimento 32/00.

Segundo as testemunhas, Lucas controlava os hábitos da vítima, especialmente ao frequentar a academia. Ele teria obrigado a vítima a filmar o local para provar que estava vazio, conforme relatado por uma das testemunhas, e a proibia de se matricular na academia que desejava, fato confirmado por uma amiga de Cíntia. O deputado também teria isolado a vítima de amigos e colegas de trabalho, demonstrando ciúmes inclusive de mulheres. A denúncia aponta que ele “obrigou a ofendida a dispensar” seu cabeleireiro e a romper a parceria profissional com a empresária, sob a alegação de que as duas “tinham um caso”.

Relatos ainda indicam que Lucas usava agressões físicas para humilhar a vítima, como beliscões e apertos nos seios — inclusive “na frente de terceiros”. Uma testemunha afirmou ter visto o deputado “beliscar a vítima em muitos momentos” e descreveu um episódio em que ele, sob efeito de maconha, apertou o “bico do peito da vítima” e disse: “Olha o que eu faço com sua amiga”, deixando ambas constrangidas.

Após a separação, em 03/08/2024, o deputado teria passado a perseguir a vítima, ameaçando sua integridade psicológica e pressionando-a a assinar um contrato com cláusulas abusivas — incluindo multa de R$ 750 mil por descumprimento e confidencialidade forçada. Segundo a denúncia, Lucas supostamente usou chantagem e intimidação, afirmando que “acabaria com a carreira” da vítima e usaria o “gabinete do ódio” para difamá-la. Também teria citado “pessoas influentes na política” para intimidá-la.

Em outro episódio, datado de 13/03/2023, o denunciado teria voltado a agredir fisicamente a vítima, deixando hematomas. Nas mensagens enviadas a ele, ela implora: “Não tem graça. Olha como ficou. Vontade de chorar só de olhar pra isso. Por favor, amor. Pare. Tô pedindo. Dá muita raiva de olhar.”

Os laudos psicológicos indicam que, além das lesões físicas, a vítima desenvolveu Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), passou a usar antidepressivos, teve queda de cabelo e passou a andar em veículo blindado com motorista por medo, o que restringiu sua liberdade de locomoção. A perícia do IMESC constatou que o relacionamento apresentava “padrões disfuncionais de interação” e que, 11 meses após a separação, a vítima ainda se esforça para “reassumir e reequilibrar sua vida”.

Por fim, o documento requer que Lucas Bove seja citado e processado criminalmente, com a oitiva da vítima e das testemunhas, e pede sua condenação por danos patrimoniais e morais, conforme o artigo 387, IV, do Código de Processo Penal, e a jurisprudência do STJ (Resp nº 1.585.684/DF).

Cíntia Chagas se pronuncia:

Cíntia Chagas se pronunciou sobre o pedido do MPSP por meio de sua advogada Gabriela Manssur. Em nota, a defesa declarou que não deve existir espaço para a violência: “Hoje, a denúncia formal reafirma o que sempre sustentamos: que não há espaço para o abuso, para a impunidade e para o uso do poder como instrumento de opressão”.

A nota completa:

“A justiça não é palco para vingança, brincadeiras ou deboche, especialmente quando se trata de violência contra a mulher. A denúncia do Ministério Público de São Paulo contra Lucas Bove, com imputação dos crimes de ameaça, perseguição, lesão corporal, violência psicológica e desobediência no âmbito doméstico, representa um marco importante para as mulheres na busca pela verdade, pela responsabilização e pela dignidade da vítima. A mensagem que fica é clara: ninguém está acima da lei e da justiça. Sempre acreditei na palavra de Cíntia Chagas, como mulher, amiga, cliente e comunicadora que admiro profundamente. Ela enfrentou com coragem todos os obstáculos, confiou na Justiça e seguiu cada orientação jurídica com serenidade e firmeza. Hoje, a denúncia formal reafirma o que sempre sustentamos: que não há espaço para o abuso, para a impunidade e para o uso do poder como instrumento de opressão. Como ex-membro do Ministério Público, instituição à qual servi com orgulho por mais de vinte anos e que me representa para o resto da vida, celebro seu papel essencial na defesa dos direitos das mulheres e no combate à violência. Essa atuação demonstra que a lei existe para todas e contra todos que a violarem, independentemente de quem sejam ou do cargo que ocupem. E eu sigo acreditando, com fé, ética e coragem, que a verdade e a Justiça sempre prevalecem.” – Gabriela Manssur.

Lucas Bove dá sua versão:

O deputado afirma que a outra parte pediu sua prisão apenas por ele ter respondido a uma pergunta sobre fatos já públicos. Segundo ele, a promotora da Vara da Mulher concordou com o pedido, enquanto a outra parte segue se manifestando publicamente.

“A decisão acabou de sair, e a imprensa soube antes de mim! A delegada da Delegacia da Mulher afastou totalmente as acusações (descabidas) de violência física e me indiciou por ‘violência psicológica’. Fato curioso: há um laudo oficial do IMESC (além de diversas declarações da outra parte) atestando que não há dano psicológico, ignorado pela delegada! Outro fato curioso: a outra parte falou publicamente ontem que eu joguei uma f@c4 nela, mesmo com a delegada tendo afirmado o contrário, ignorando o segredo de justiça e desrespeitando uma cautelar que também a proíbe de falar! E nada acontece…”

“Ou seja, a militância feminista que alcançou o poder público deixa claro que, se você for mulher: não precisa cumprir as regras impostas pela Justiça; sua palavra vale mais do que suas ações, do que seu histórico e até do que um documento oficial assinado por um profissional devidamente qualificado e isento. Eu, na qualidade de deputado sob a qual estou fazendo estas postagens, sinto vergonha em nome das milhares de vítimas reais de violência que muitas vezes deixam de denunciar justamente pela descredibilização que as falsas denúncias trazem à causa”, concluiu.



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